quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas o Humanismo presente na Obra literária

   Sem dúvida Memórias Póstumas de Brás Cubas é o livro mais difícil  de  ser interpretado a primeira  vez  que vamos fazer sua leitura  para entendermos o texto devemos estudar com atenção o Humanismo. 
  Análise do livro :
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.— Memórias Póstumas de Brás Cubas,

Varios são os signos deixa do caráter filosófico do romance, Memorias Postumas de Bras Cubas com o seu Humanitismo e vê que o sarcasmo de Brás Cubas, diante do cientificismo propiciado por Charles Darwin e que no Brasil de 1880 ainda se "dava por coveiro da filosofia", reabre a interrogação metafísica e a perplexidade radical ante o ser humano. De fato, esta filosofia é uma sátira  ao positivismo de Comte, ao cientificismo do século XIX e à teoria de  seleção natural.Assim, um dos temas do livro, que concerne essa nova filosofia inventada pelo autor, é o de que o homem é sujeito à natureza e seus caprichos e não "soberano invulnerável da criação." Surge pela primeira vez na prosa machadiana no Capítulo CLVII (157) de Memórias, recebendo um adendo no Capítulo CXLI (141), para comentar uma briga de cães. A partir disso, as ideias humanitistas acompanham Brás Cubas até o final do livro; este compreende a teoria, ao contrário do Rubião de Quincas Borba, onde a filosofia fictícia recebe maior explicação e destaque. Por outro lado, vasculhando outros temas, críticos psicanalistas têm notado as cenas de nervoso na obra e não separam a relação que elas tem com a própria saúde do autor, que se acredita ter sido epiléptico, embora não gostasse de tornar isso público, o que o teria feito omitir a palavra "epilepsia" de uma das edições ulteriores, mas que deixaria escapar na edição primeira ao descrever o padecimento da personagem Virgília diante da morte de Brás Cubas: Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica..., que fora substituída por: Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa...As interpretações sobre a obra foram sendo adquiridas e apresentadas por críticos diferentes ao longo do tempo; Alfredo Bosi escreveu que nenhuma interpretação sozinha, no entanto, seria suficiente para "compreender a densidade do olhar machadiano".
Os escritores  Laurence Sterne, Xavier de Maistre e  Almeida Garret constituem a gama de autores que mais influenciaram esta obra, sobretudo os capítulos 55 e 139 pontilhados, ou os capítulos-relâmpago (como 102,107,132 ou 136) e o garrancho da assinatura de Virgília no capítulo 142 dasMemórias Póstumas de Brás Cubas. Quando Brás Cubas diz que adotou a "forma livre" de Sterne, está explicitando que Machado de Assis foi influenciado pela narrativa digressiva da obra Tristram Shandy.O crítico francês Gérard Genette, por exemplo, escreve que da mesma forma que Virgílio contou a estória de Eneias à forma de Homero, Machado contou a estória de Brás à forma de Sterne. José Guilherme Merquior acrescenta o fato de que aMemórias, contudo, possui uma fantasia não presente em Sterne e um "humorismo sardônico" oposto ao humorismo "simpático" e "sentimental" de Tristam Shandy, e que as obras Viagem à Roda do Meu Quarto  (1795), e Viagens na Minha Terra  (1846) foram as outras leituras pretéritas e decisivas para a elaboração de Memórias. Merquior também cita outras possíveis influências, como a mitologia clássica, Luciano de Samósata, Fontenelle (especialmente seuDialogues des Morts, 1683), Fénelon e o Operrete Morali (1826) de Leopardi, que fariam Memórias Póstumas se aproximar do gênero cômico-fantástico, também conhecido como literatura menipéia.  No capítulo XLIX, cita o otimista dr. Pangloss, da obra filosófica Cândido de Voltaire, que dizia que "o nariz foi criado para uso dos óculos", e faz com que Brás conclua que a visão de Pangloss está errada pois a explicação sobre o sentido de tal órgão estava na observação do hábito do faquir, que "gasta longas horas a olhar para a ponta do nariz, com o fim único de ver a luz celeste" e "perde o sentimento das cousas externas, embelza-se no invisível, apreende o impalpável, desvincula-se da Terra, dissolve-se, eteriza-se", terminando com a sugestão política de que a necessidade e poder do homem de contemplar o seu próprio nariz são modo de obter "a subordinação do universo a um nariz somente".

De fato, o livro está permeado de influências filosóficas e, inclusive, alguns o consideram o mais filosófico da obra machadiana. Um dos filósofos que faziam parte das leituras frequentes do autor era  Pascal, cujo prenome, Blaise, teria sido traduzido por Brás, o protagonista do livro. A "sensação dupla e indefinível", de céu e inferno, tão exposta por Pascal em Pensées, é logo referida por Brás Cubas no Capítulo XCVIII quando ele está diante de Nhã-loló. Pascal também escrevia que o homem está sempre diante do tudo e do nada, e nas Memórias Póstumas o tema da precariedade da condição humana é expresso pela miséria e pela temporalidade da vida. Embora alguns afirmem que foi com Pascal que Memórias Póstumas adquiriu um tom cético, os estudiosos não deixam de citar Schopenhauer como a principal influência filosófica do livro.  Nele Machado teria encontrado visões do pessimismo e ainda desdobrado sua escrita em  mitos e metáforas acerca de uma "inexorabilidade do destino".Raimundo Faoro, sobre a obra do filósofo alemão na obra machadiana, argumentou que o autor brasileiro havia realizado uma "tradução machadiana da vontade de Schopenhauer".  Estudiosos notam que Machado de Assis conseguiu utilizar a filosofia de Schopenhauer emMemórias Póstumas de uma forma muito profunda. Segundo este filósofo, o universo é a vontade, cega, obscura e irracional de viver e a lei do real não é nenhum logos harmonioso, mas sim um conflitivo querer, fatalmente doloroso, porque necessariamente insatisfeito; "por isso, a dor é a essência das coisas, e só no ideal de renúncia aos desejos se pode colher alguma felicidade."Então, O mundo como vontade e representação (1819), para alguns, encontra seu cume alto em Machado de Assis com os desejos frustrados do personagem Brás Cubas.

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