sábado, 5 de agosto de 2017

O complexo de Midas

O mito grego antigo de Midas,  da Frigia, fornece uma lição sobre o excesso da riqueza.  Quando tudo que ele toca vira ouro por causa da piada didática de Dionísio, o rei é levado a ver o valor do comum e a pedir a volta do vinho que pode beber e da comida que pode comer. Lucrécio fez a pergunta: "Por que não se retira como um conviva saciado com o banquete da vida, e com calma, seu bobo,um descanso que não precisa de cuidados?" . A lição da moderação não será aprendida, porque a moderação na prática tende a produzir tédio _como Oscar Wilde compreendeu ao dizer : "A moderação é fatal...nada tem tanto sucesso quanto o excesso ". É possível pregar contra os males do excesso e apontar os incontáveis exemplos dos efeitos da corrupção da riqueza e do poder como lição _Luiz XIV,  Henrique VIII_ mas isso não fará que as pessoas parem de desejar ardentemente riqueza, poder,beleza, dinheiro, fama,e tudo em excesso!

Um dos temas centrais de Jonh Kenneth Galbraith,  em ( A sociedade afluente,1984) ,são as propriedades insidiosas e corrompedoras do nosso caráter.  Somos completamente dependentes de um ciclo de produção e consumo que se acelera cada vez mais _produzir bens e serviços e então criar a necessidade de consumir esses bens e serviços, sendo o crescimento o único índice aceitável de progresso . As lições do vazio do sucesso material estão à nossa volta, mas são poucos os que resumem a sua vida de um modo simples ,sábio, e equilibrado, vivem por um propósito mais autêntico.

O dinheiro é profundamente ambíguo, como observa o filósofo Jacob Needleman em sua obra Money and the Meaning of Life  ( Dinheiro e o significado da vida 1991) . O amor ao dinheiro, analisa, é a raiz de todos os males, e no entanto, o dinheiro é a principal força motora de nossa economia capitalista.  A Igreja cristã, ao mesmo tempo que denuncia a avareza e a gula do excesso, não hesitou em acumular grande riqueza.  Nem o manto da religião é o suficiente para esconder os efeitos corruptores do excesso.  Na Basílica de São Pedro, em Roma, o centro esplendoroso do catolicismo romano: "Jesus choraria" . Freud reconheceu o excesso de consumo já que esse é um ponto turístico onde vários católicos fazem sua visita e gastam suas economias para esse fim,  Freud analisa o dinheiro como excremento humano eram equivalente a valores simbólicos como a adoração.

O excesso vai muito além do dinheiro.  Uma afirmação clássica da sociologia do suicídio é que as classes sociais mais altas têm mais tendência a se matar do que aqueles que ocupam posição social mais baixa e têm menos diversão os sociólogos Henry e Short em 1954, sustenta que o suicídio aumenta conforme as condições sociais melhoram ,enquanto o homicídio é mais alto no momento em que pioram as condições sociais ,mas em 1984 Lester mostrou que esta relação não é tão simples.  Mesmo assim,  a depressão é um problema recorrente da afluência, e  ninguém comprovou que as pessoas mais carentes da sociedade tem menos chances de se matar.

Lester questiona essa tese devido à psicologia, ser privada a sociedade mais carente nos anos 50, aos anos 70, a privação de tratamento psicológico eram para a classe social mais altas na Europa e era comum , analisar somente os comportamentos dessa parcela da população, em vista que as palavras ditas pelos pacientes eram depressivas, melancólicas e suicidas.

"O excesso faz parte da vida humana, pois os desejos inconscientes nunca são saciados quanto mais ele tem mais ele quer, não há como evitar essa natureza premiscua da ciência do excesso"
 (Cleiton Luiz )

  O excesso dos seres humanos se baseia na insatisfação do inconsciente do desejo , quanto mais o ser humano têm mais ele quer isso eu chamo de complexo de Midas:

Midas era um rei que vivia em abundância em seu castelo, junto a sua amada filha. Embora possuísse muitas riquezas, Midas sempre desejava aumentar suas posses. Era tão aficionado pelo seu ouro, que um de seus passatempos favoritos era contar moedas de ouro.

Certa vez Baco (ou Dionísio, deus do vinho) deu por falta de seu mestre e pai de criação, Sileno, enquanto realizavam um passeio. O velho andara bebendo e, tendo perdido o caminho, foi encontrado por alguns camponeses que o levaram ao seu rei, Midas. Midas reconheceu-o, tratou-o com hospitalidade, conservando-o em sua companhia durante dez dias, no meio de grande alegria.

No 13º dia, levou Sileno de volta e entregou-o são e salvo a seu pupilo. Baco ofereceu, então, a Midas o direito de escolher a recompensa que desejasse, qualquer que fosse ela. Midas pediu que “tudo que tocasse virasse ouro”. Baco consentiu, embora pesaroso por não ter ele feito uma escolha melhor.

Midas seguiu caminho, jubiloso com o poder recém-adquirido, que se apressou a pôr em prova. Mal acreditou nos próprios olhos quando viu um raminho que arrancara de um carvalho transformar-se em ouro em sua mão. Segurou uma pedra; ela mudou-se em ouro. Pegou um torrão de terra; virou ouro. Colheu um fruto da macieira; ter-se-ia dito que furtara do jardim das Hespérides.

Sua alegria não conheceu limite e, logo que chegou à casa, ordenou aos criados que servissem um magnífico repasto. Então verificou, horrorizado, que, se tocava o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela boca como ouro derretido, sua filha tocou nele e se transformou em ouro.

Consternado com essa aflição sem precedentes, Midas lutou para livrar-se daquele poder: detestava o dom. Tudo em vão, porém; a morte por inanição parecia aguardá-lo. Ergueu os braços, reluzentes de ouro, numa prece a Baco, implorando que o livrasse daquela destruição fulgurante. Baco, divindade benévola, ouviu e consentiu. “A água corrente desfaz o toque”, disse-lhe Baco, “mergulhas o que tocastes num rio e os objetos em que tocaste voltarão a ser o que eram”. Midas correu a cumprir o que dissera o deus do vinho e, com a água do rio Pactolo, que correu num jarro, foi banhando todos os objetos em que tocara, restituindo-lhes a natureza primitiva, a começar pela própria filha, que ele, então, pôde abraçar sem perigo de torná-la de ouro. Dizem que Midas, ao se abaixar para colher a água na margem do rio, tocou na areia com as mãos e que, por isso, ainda hoje, o rio Pactolo corre por sobre um leito de areias douradas.

 "Eu não sou humano , pois não me cedo ao excesso, mas me rendo aos abraços de minha amada" 

 (Cleiton Luiz )


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filosofia ; O Verdadeiro, O bom e o belo (Sobre a Comunidade )

Filosofia o bom o verdadeiro e o belo, surgiu com o intuito de passar a filosofia de vida de uma maneira simples e fácil sobre o entendiment...