domingo, 6 de agosto de 2017

O Complexo de Cyrano Bergerac

Cyrano Bergerac tinha um problema _mas tinha também muita arrogância.  Ciente de seu nariz e oprimido por ver nisso uma incapacidade de, ele representava um dilema para seus interlocutores. Será que deveriam olhar para ele_e assim confirmar sua consciência sobre sua desfiguração?  Ou deveriam dissimular _olhar para o outro lado como se ele não tivesse característica saliente? De qualquer forma, a raiva de Cyrano seria totalmente justificada. Quando não há meio de encontrar ou evitar o olhar de uma pessoa com problemas e arrogância, essa pessoa tem a vantagem de Cyrano.

Apesar de sua eloquência, a paixão de Cyrano permaneceu em segredo para a sua amada Roxanne, pois foi eternamente impedido por seu próprio sentido de incapacidade e medo de rejeição, caso revelasse o que passava em seu coração.  Ele morreu de modo patético _negando obstinadamente para si mesmo a confissão do amor que teria tornado sua vida completa.  Aqui, o pathos dramático está claramente conectado, através da origem grega, à patologia _o sofrimento trazido somente pelas circunstâncias.  O complexo de Cyrano tem um custo terrível.

Goffman observou a difusão desse dilema entre aqueles que interagem com pessoas estigmatizadas e fisicamente incapacitados:

      "Sentimos que a pessoa estigmatizada ou é agressiva ou muito envergonhada, e ,em ambos os casos, rápida demais na leitura significados não intencionais em nossas ações.  Nós mesmos podemos sentir que, se mostrarmos diretamente simpatia por sua condição, podemos estar nos excedendo; e, no entanto, se realmente esquecemos que ela tem um problema, provavelmente lhe faremos exigências impossíveis ou desrespeitaremos inadvertidamente seus colegas de sofrimento.  Quando estamos com ela sentimos que está ciente, ciente de que nós estamos cientes e mesmo ciente de nosso estado de consciência sobre a sua consciência; está então montado o palco para a repetição infinita de consideração mútua que a psicologia social de Mead diz como iniciar ,mas não como finalizar.  (Goffman página 18 , 1963)

O complexo de Cyrano coloca a pessoa em estigma em posição de superioridade moral, pelo menos temporariamente.  Mas essa posição tem seu custo. Um estudante brilhante, que teve sua perna amputada devido a um câncer,  dirá que freqüentemente, se perguntava como outros estudantes viam a sua enfermidade. Normalmente ele preferia não chamar atenção sobre sua perna artificial.  Mas,então, como poderia explicar que mandava ou sua incapacidade de participar de certas atividades estudantis, como um jogo de futebol?  Com o tempo, percebeu que sua incapacidade lhe conferia certa arrogância e que tinha direito a ela. Justificava a relutância em se colocar no papel dos outros porque ele estava convencido que era incapaz jogar futebol. O resultado foi uma distância moral entre ele e seus colegas e certa amargura entre os lados.

O complexo de Cyrano é ,ao mesmo tempo,psicológica e dramática.  Pode ser, simplesmente ,uma etiqueta que a maioria de nós já enfrentou. Mas pode e deveria ser o tipo de coisa que provoca reflexão e análise mais profunda do psicológico.  O desafio é encontrar pessoas com câncer terminal ,idosa, ou inválida _em  um nível que lhe confira respeito e dignidade ,mas que não seja nenhum pouco condescendente.  Não é fácil.
   Cyrano Bergerac é um personagem fictício do autor francês : Edmund Rostand
 Frases de quem sofre no complexo de Cyrano:

"Sou muito feio ou feia para essa pessoa , vou desistir de conquista-la"

"Sou pouco inteligente para passar em um vestibular vou desistir "

"Sou muito baixo ou baixa para essa pessoa de estatura alta ,vou desistir de declarar"

 "Esse post é uma dedicatória as pessoas com baixa auto-estima : Não seja como Cyrano seja você mesmo , se seu sonho está distante e impossível lute para torná-la certo e vivido "

 (Cleiton Luiz )

 Cyrano Bergerac é uma peça teatral A peça inteira é escrita em forma de poema, com pares de versos rimados. Os primeiros quatro atos passam-se em 1640, e o quinto é em 1655.

Cyrano de Bergerac é um herói romântico, que combate a covardia, a estupidez e a mentira. Ele ama a sua prima, Madeleine Robin (Roxane), uma rapariga inteligente, mas um tanto pedante, que gosta de ser cortejada com palavras bonitas e originais.

O jovem Cristiano também a ama, mas não sabe falar com brilhantismo, ao contrário de Cyrano, que tem o dom da palavra. Cyrano, sem esperanças de conquistar a prima, em razão de ser bastante feio, resolve ajudar Cristiano a conquistá-la através das palavras.

Cyrano ensina a Cristiano observações espirituosas, poesia, e até fala por ele, às escondidas, fazendo com que Roxane o ame. Um terceiro homem, porém, corteja-a; o duque de Guiche, que interfere mandando Cristiano e Cyrano para o Cerco de Arras, um violento combate ocorrido nas guerras religiosas de França.

Cyrano continua a escrever cartas a Roxane, em nome de Cristiano, e ela vai ao seu encontro à batalha, encontrando Cristiano agonizante, ferido em combate. Viúva, Roxane recolhe-se a um convento, onde recebe continuamente a visita de Cyrano.

Um dia, Cyrano é mortalmente ferido, mas consegue chegar até a amada, e conta-lhe o sentimento que sempre nutriu por ela. Roxane chora “um amor duas vezes perdido”, percebendo, no último instante, que o amava.

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